Um dia com a alma já cansada
Sentei-me à tua porta para te ver
Olhei há minha volta e não vi nada
Do tanto que eu levara para dizer
Adormeci no degrau da tua porta
O frio me regelava as entranhas
Acordei em sobressalto alucinante
Era o pregão do homem das castanhas
Caminhei para junto dele tiritando
E a chuva miudinha ia caindo
Pedi-lhe que me deixasse aquecer
Do frio que me ia consumindo
O vaso das castanhas ia ardendo
E ali também ardia a minha dor
Por momentos me esqueci porque ali
estava
Só sei que em cinzas está o nosso amor
Será que alguém um dia vai pensar
O sabor que podem ter essas castanhas
Pois digo que ali fui para me livrar
Desse amor que eu carregava nas
entranhas.